quinta-feira, 14 de maio de 2020

Ode I, na primeira manhã


No início, o tudo era nada
E da fusão de nadas e do encontro de vazios
Surgimos e (re) existimos
Da essência que deixamos por onde passamos
Do que absorvemos do mundo 
De cada parte que nos falta e completa

Somos feito de guerra e paz
Feitos da pele que arrepia de prazer e medo
Do corpo que respira e sobrevive
Da alma que se preenche de luz e escuridão 

Do fim, não sabemos como nem porque
Mas insistimos em conhecer e prever destinos sem coordenadas 
Como se tivéssemos validade
Como se estivéssemos aqui de passagem
Como se a vida fosse a espera da morte

E existe o meio
Sem pressa para ser e estar onde não sabemos onde 
Mas com autonomia para fazer do tempo que temos
(Sejam anos, décadas, milênios...)
O melhor da nossa essência 
Se nascemos com algum propósito 
E estamos aqui por algum motivo
Valemos a pena em cada gota de vida que escorre no meio de nós 
Do suor que escorre de um corpo ao outro 
Ao que brilha cansado na testa
Da saliva que grita e luta
A que sussurra e e umedece os ouvidos 
Do choro de desespero que sufoca
Ao da alegria que transborda

Olhar para dentro
Revirar as gavetas bagunçadas do passado 
Entender cada parte de tudo que acontece 
Repensar todas as possibilidades 
Engolir pensamentos com a fome de gritá-los para o mundo

E no fim, me lembrar 
Com a calma que não tenho
Que não preciso decifrar tudo na vida 
Às vezes é melhor quando a gente não sabe
Só sente.

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